segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Rosa Tingida


(Fado Santa Luzia)

No jardim das rosas de Maio
vi rosas brancas com' um raio
cobertas do orvalho do sul
para te vestir de alvura
e então a vida foi pura
rumando breve p'ra um azul.

Mas o azul fez-se agreste
pelo mal que tu me fizeste
e cravei nas mãos os espinhos
e cobri de sangue a raiz
da terra do que por ti eu fiz
da ternura feita de linho.

A rosa branca está rubra
e à espera de quem a cubra
porque esta luz foi tingida
pelo sangue que não estanca,
duma antiga rosa branca
que foi decepada p'la vida.


Nuno Gonçalo

domingo, 21 de outubro de 2007

Pensamentos Selvagens

Por tudo, por nada.

Pensamentos que ficam

que consomem,

que magoam,

que existem...

pensamentos da minha alma.



Letras que enchem

a calma

que me escurece os

olhos.



Palavras juntas que

dizem tudo

lamentam o nada

choram o impossível

riem o momento.



Vida que não é

triste, nem é vida

vida que não é

alegre, mas é vida



Ai, pensamento selvagem!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Partida


Senti nostalgia

e dor no peito,

o sentimento

de perda voltara...


Ouvi teus passos,

vi tua sombra

caminharem para longe

de mim, e eu


entre gritos mudos

e cegas imagens, caí por terra

e sem saber onde ir

saí em direcção ao sol...

parti...


Leonardo Martins

segunda-feira, 10 de setembro de 2007








(Chove...)
O dia nasce de um tímido rasgão claro
num céu triste.

Alguns animais estão escondidos com medo,
outros saem das suas casas e vão amanhecer
Nas rochas altas.

(Luz...)
Raios fortes do arrojado sol que deseja aparecer
por entre as nuvens claríssimas.

Os coelhos saltam pelos verdejantes caminhos,
Procurando alimento.

Lindos...
Montes pintados de verde pela tinta fresca das árvores.
Flores humedecidas pelo orvalho, que cai...
Lentamente cai sobre a terra bruta que fica serena.

As flores, tímidas, fortemente iluminadas pela réstia de luz
dançam ao sabor do vento...

O orvalho desaparece.

Sons...
Dos pássaros que voam.
Que param e bebem em poços de água...
limpam as penas coloridas que pintam o céu.
Entoam melodias suaves e alegres!

Estradas desenhadas pela chuva, pintadas pelo vento.
Infinitas na sua beleza e calma...

(Sol...)
Ele, na sua imensidão, abraçou os montes e vales...
Acariciou os bichos...
Aqueceu as pedras...
Lançou um brilho na água cristalina dos riachos...
Alegrou o dia que estava triste...

Há vida: os animais correm, voam, descansam...
As árvores e as plantas agitam-se alegremente.

Fecha-se os olhos...
Inspira-se fundo...
Abre-se os olhos...
Expira-se...
Sente-se: liberdade autêntica!

Com a magia do sol encontrou-se um:

Lugar puro e fascinante...
A verdadeira Natureza viva.