terça-feira, 9 de dezembro de 2008


Neste breve silêncio
de interminável confusão
procuro-te.

Neste espaço minúsculo
que chamam Terra, não te encontro.

Não te sei procurar em lado nenhum.
Não te sei...
Mas sabia de ti quando
alegre sorria.
Sabia de mim quando
de ti sabia.

Para que sítio distante foste?

Perdi-me na confusão deste minúsculo espaço
que me acolhe
(desesperadamente)

Fujo.

Fito aquele horizonte que te pertence...
cheio de sonhos perdidos...

Ai! Vejo...
(...És tu aí nesse horizonte inatingível?)

Sabia de ti quando eras eu.
Não te sei
mais.



Liliana Martins

sexta-feira, 27 de junho de 2008



Carinhoso? talvez, agressivo? também.

Matas fingindo que brincas


e brincas fingindo que matas...




Atacas de súbito na madrugada,

com garra prendes a presa que

alimento será depois de morta talvez...




Sais todas as noites à procura de

algo mais. Que será que procuras?

identidade talvez, um abrigo também...




Vives assim, ao relento e sem abrigo,

não tens dono nem és de ninguém

caminhas vaidoso para o além...




Instinto felino? talvez, sobrevivente? também.

Não tens regras nem costumes,

simplesmente vives sem grandes queixumes...


Leonardo

sábado, 5 de abril de 2008

É tarde...


É tarde e nada poderei fazer
partiste para aquele lugar
vão, frio, escuro... como foi acontecer?
Sei que para todos acaba por chegar
aquele fatídico dia que vem para
nos levar.
É cedo para partir? Para onde foste?
Posso ir contigo?...
Não respondes?
Estas são perguntas tão inúteis
quanto quem as faz.
É como ter e não ter, ser e não ser,
partir e não ir, estar morto com vida.

Leonardo

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sente...

Vem sentir a elegância

das palavras que percorrem

a alma e afluem no pensamento,

belas são as palavras e os gestos

agressivamente carinhosos

pintados de verde esperança

que partem de ti descuidadamente

elegantes.


Vem sentar-te e ver nesta baía

o nascer de mais um dia,

com a ascensão do sol ao trono real,

vem sentir os tons amarelo-torrados

reflectidos, naquele imenso mar

um turbilhão de sentimentos

por mim vividos.


leonardo

quarta-feira, 2 de abril de 2008


" Se choras porque perdeste o Sol, as lágrimas não te deixarão ver as Estrelas..." Rabindranath Tagore

segunda-feira, 31 de março de 2008

Reflexão em cima do joelho...

Grande parte das pessoas que nasceram pós anos 90, não sabem o que é lutar para ter alguma coisa na vida... Muitas crianças nem calculam o que é a Agricultura; que para terem os legumes (de qualidade, naturais...) em casa é necessário trabalho árduo de muita gente, que cada vez é menos e cada vez mais idosos... Já ninguém quer plantar batatas, ninguém quer ter uma horta... wake up! Estamos em Portugal, século XXI! Eu sei, supostamente deveríamos estar “mais à frente”, mas temos consciência do ATRAAAAAAAAAASO... é preciso fazer alguma coisa, comecem nem que seja a plantar batatinhas e já poupam nas compras, ou não é desse mal que os lusitanos se queixam? (eu posso me gabar de ter uma horta, poupo em alfaces, batatas…)
Está mesmo mal… Portugal…
Faria bem a muita “criancinha” ir para o campo... Sei de crianças que dizem que o leite vem, por exemplo e por mais ridículo que possa parecer, da “estrelícia” (para quem não sabe o "leite estrelícia" é produzido pela Indústria de Lacticínios da Madeira (ILMA); estrelícia (“Strelitzia reginae”) é uma flor. É tão irrisório que uma criança diga semelhante coisa! Em que mundo vive? Que fazem os pais para a educar?! Possivelmente esta criança passa o tempo em frente de uma P.S. ou de um computador a jogar, Messenger etc..... Não se pode dizer que todos os adolescentes que fazem parte da “Geração Morangos” (Não quero, contudo, menosprezar o trabalho de excelentes intérpretes nesta série…) uma fatia de “ados”, como dizem os do Hexágono, ainda têm o hábito da leitura, frequentam bibliotecas, passeiam ao ar livre, conversam com amigos etc (isso pude eu comprovar hoje quando passeava num jardim do Funchal). Como dizia o Francisco ( o meu sócio... hehe) num comentário, "(…) via desenhos animados educativos, jogava monopólios, puzzles (…)" achas que entre um episódio de MCA e um puzzle a tarefa mais difícil será a preferida? Evidentemente que não! Facilitismo, comodismo é o que condiz com a geração “anos 90”. O problema é: estar tudo feito.
Eu, tal como o Francisco, via desenhos animados educativos e que incentivavam a comportamentos éticos, onde o BEM, depois de muito sofrer, vencia sempre. Hoje, vê-se desenhos animados, por exemplo, chineses e japoneses onde se luta até morrer, onde competir sem olhar a meios é que vale… quem é que vê a “Heidi” ou o “Tom Sawyer”?...
Eu inventava os meus próprios jogos. A criatividade era estimulada, hoje, está tudo criado (julgam eles) … Tive o privilégio de crescer no campo e hoje olho para trás e foi a fase mais linda… ai, ainda sinto o cheiro e calor, suave, do sol dos fins de tarde no meio da Natureza, a colher flores e a brincar com outras crianças da minha idade.
Os “pós 90” estão habituados a que “caia tudo do céu”. Criancinhas mimadas, sem objectivos que pensam levar o resto da vida a calçar “allstar”, a vestir Jeans como nos MCA e andar com “Ipods” a ouvir músicas “sacadas da net”, a não ler nenhuma obra literária porque é “uma seca” (fica sempre mais fácil “sacar” um resumo da net de um livro de leitura obrigatória numa disciplina de Literatura…) etc.
É este o futuro do país? Adultos que vivem com chucha na boca? Actualmente já é a desgraça que se vê e ainda se diz que a geração "deles" (os adultos de hoje) é que sofria e lutava pela Liberdade... é verdade que lutaram (e muito), é sabido, tivemos a "revolução dos cravos"... não veio esta revolução trazer e acentuar a "lei do menor esforço"? Não há medo de nada; não há respeito, nem pela Liberdade que se conquistou.



Liliana Martins

quinta-feira, 20 de março de 2008

Trata-me...

Como se de um mendigo se tratasse,
com filosofias de vida e histórias vividas,
mais de mil para contar.
leonardo

terça-feira, 4 de março de 2008




Naquele dia apercebera-me que,

já não sentia nada, nem mesmo o toque

despretensioso daquela mulher que

sempre me tocava e acrescentava esperança.

Fora surripiado sem compaixão.

A saudade atormentava os meus e os seus dias.

Eu ficava vendo todos os seus passos e ela,

já tentara mais que uma vez seguir os meus,

mas ainda não era chegada a hora.

Eu seguia-a, aquando das suas

fugas de casa a correr descontrolada

para o penhasco que ficava mesmo

por cima do mar.

Sentava-me ao seu lado e ficavamos

a olhar para o nada nostálgico.



leonardo

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

É tarde

Esperei pelo amanhecer que trazia a forte
Luz para puder ver-te.
Ilusão dos meus olhos e do meu pensamento...
Olhei e aproximei-me... sabia que não era.

Guiavam-me longos fios
Ocultos... por ti suspensos.
Segui-os e até ti chegava.
Tudo era estranho, mas real!
Omitia o que estava a sentir

Mencionando a mim própria que era
Utopia.
Inexoravelmente confrontava-me com o
Turbilhão de sentimentos que
Obrigaram os meus olhos a mudar de

Direcção assim que em ti
Encontravam a perfeição.

Tenho agora a certeza de olhar para ti, sem que
Inesperadamente, os meus olhos fujam.

É tarde.


Heraclita

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


Despedimo-nos… despedimo-nos…

Deixamos para trás um rasto de destruição

No meio daquela multidão um silêncio

Devastou os corações apinhados de dor,

De sofrimento, de sentimento de extravio

Corações ensanguentados, cheios de dor de culpa

Por ser nada mais que uns simples mortais

Impossibilitados de agir contra as forças naturais.

Quantos de nós partiram jornada dando-se completo

Graças às promessas vazias, vãs de melhores

Proscénios para recitar a existência,

Mas… compõe….

Mera fantasia, em fortalezas quiméricas.

Resta-nos mãos sujas consciência penosa

Cabisbaixo e a revolta de um dia ter partido

De um porto em paz e atracar noutro levando

Ventos apoquentados de conflito.



Leonardo

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Adeus

Com uma pequena lágrima
perdi-te para sempre...
Dói tanto ver-te e não te poder ter de novo!

Olha para trás! Por favor!
Eu estou aqui...

Ai! Não vês que sofro?
Vê-me!

Amo-te!
Esta palavra está tão magoada...
Dizer amor faz doer o coração.

Estou aqui, meu querido.
Volta desse lugar que te acolhe,
que te prende para sempre.

Que lugar triste, escuro e frio...

Ai! Que sofrimento!
Que angústia é viver sem ti para me abraçar...
Choro por ti, que não mais voltarás...

Saudades.

Afinal, a morte é mesmo isso.

Onde quer que estejas, lembra-te:
Eu estou aqui.

Liliana

sábado, 2 de fevereiro de 2008

há dias assim...


Dias em que as palavras
tardam a sair, dias
banais em que secretamente
segregam-se um verso e
outro, e depois outro, e
no final, a génese de vários
versos que surgiram do
nada com gosto nostálgico,
proveniente do fundo
da alma, motivada por
uma melodia menos
alegre. No silêncio
da noite fria, aqueceu-se o coração,
erigiu-se uma personalidade
fantasiada, aniquilada, oculta,
desconhecida do mundo.
Leonardo

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Baloiço

Naquela linda manhã,
eu despertara como sempre,
saltei da cama com toda a energia e,
sem nada fazer, fui a correr
até ao baloiço que estava no jardim
à minha espera.
Esperava por mim
todos os dias. Mas, nesse dia, apercebera-me
que o baloiço tinha-se tornado pequeno.
As minhas pernas tocavam o chão e o baloiço,
já nao balançava como antes.
O baloiço agora dava lugar a um banco no qual eu
me sentava e relembrava os risos, a "festa" que
fazia sozinho na sua companhia... ele fora sempre
o meu melhor amigo, quem me acompanhou
durante a infância... o primeiro a dizer-me,
sem pronunciar uma única palavra, que eu tinha crescido.


Leonardo

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Recuso-me a crescer...

quando referes que um ano passou

e apenas falta mais um,

e nao serei mais "pequeno",

deixarei de ser menor.

Não quero deixar de ser

dependente, independência

acarreta dor, pensamento adulto.

Recuso a responsabilidade,

o dever e a obrigação.

Serei sempre o "menino"...

foi assim que sempre me trataram,

o som suave e monótono,

do diminutivo ao qual me habituei.

Basta-me apenas o ecoar de um som

parecido, identifico-me,

ficando tentando saber se,

é alguém a chamar por mim, mas...

é apenas a nostalgia e a saudade do passado,

a relembrar o quanto era feliz.


Leonardo

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Despersonificação

Vens sempre repentina com a madrugada

fria, solitária e apontas-me

como se eu fosse um pedaço de papel

que ao simples toque subtil e delicado

dos teus frágeis dedos

transforma-se em mil e uma coisas

que pensas e vês à tua maneira,

nada mais importa, és como

és, vês tudo menos a mim,

eu não sou mais

quem queria ser, despersonalizo-me

acabando sendo como sou e nada

mais importa, vejo tudo

e nada me vê.

Leonardo

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008


Que sentimento é esse que

fica, que predura, que

consome, que insiste

em magoar. sentimento

bom, que acarreta dor

de prazer, o que é isto

que me faz feliz e infeliz, que traz

e leva, mais rápido

me consome até ao último

instante em que acompanhado me

sinto sozinho, em que no meu

lado escuro é claro e feliz.

Sentimento que fica do que fiz

e do que nao fiz, do que devia

ter feito mas nao fiz, mau

lado negro claro que nao quis

mas tenho e levo para onde vou.


Leonardo